terça-feira, 3 de junho de 2014

[...] Deveria durar pelo menos até o fim da vida [...]

Até 3 dias atrás podia te imaginar deitado na cama fitando o teto e pensando em nós dois, podia supor que sua angústia se assemelhava a minha, confiava em você e no seu retorno. Hoje não mais. Hoje sinto a sua decisão há quilômetros de distância, vejo em seus olhos que está se preparando para seguir a vida e cada minuto que passa lembrar da sua afeição séria que não demonstrava o mínimo abalo por eu estar ali me faz te ver cada vez mais distante. Acredito que essa é sua intenção, então devo parabenizá-lo. Você esteve ali, te toquei em tom de confirmação, mas não senti seu retorno, não acredito que possa ter uma atuação tão exemplar. Mas também, me recuso a acreditar que tudo passou assim de uma noite para outra e que o dia acordou bonito para ti. É, como dói, e como essa dor me diminui, me sinto cada vez mais menina, cada vez mais longe de superar isso tudo. Me falta vontade, me falta esse empenho pertencente estritamente a sua pessoa de deixar para trás tudo que passamos. Me falta a vontade de colocar alguém no seu lugar ou ao menos a crença de que alguém é capaz de exercer o seu papel na minha vida. Hoje me disseram que todo mundo tem um amor pra vida toda que acaba guardado no peito, que com o tempo a gente aprende a gostar de outras pessoas e deixar com que elas nos façam bem, mesmo que no fundo a gente sempre saiba quem realmente faz nosso coração bater mais rápido. Eu não quero que você seja essa pessoa, não quero que ela exista. Quero um amor que não esteja guardado, quero um amor que esteja vivo nos meus minutos, que compartilhe os meus momentos, que me escute no final do dia e me faça morrer de rir. Quero amar alguém de verdade que diga que ficará para sempre ao meu lado e saiba cumprir promessas. Quero mais ainda, que você seja esse alguém. Mas você já está a milhas daqui e continua andando sem hesitar, sem pensar em voltar, sem ao menos me desviar aquele olhar que revela que ainda há amor. Não se pode controlar o brilho dos olhos, não se pode controlar a respiração, a bagunça no estômago e a fraqueza das pernas. Não tem como controlar tudo isso se há amor, mas você controla... Como eu queria ir embora com a certeza de que você guardou ai o seu sentimento por mim, de que ele é imenso e verdadeiro, mas você me tirou um pouco disso também. Estou tentando mais que tudo aceitar que perder o amor da sua vida não é o fim do mundo. Que a vontade de Deus seja feita, afinal tudo que resta agora é um pouco de fé e a confiança em mais um clichê, o melhor está reservado para o final. Meu final, nosso final, juntos.

Mesmo num amor de linhas tortas como o nosso, o fim parece um erro, como um ponto final no meio da frase.
Gabito Nunes