segunda-feira, 5 de abril de 2010

Talvez ele não volte mais

Sabe o que é chegar em casa e imaginar que ele poderia estar no hall te esperando, poderia ter deixado um buquê de rosas ou somente uma com o bilhetinho dizendo "esta rosa é única como você". Sabe a sensação de ver o porteiro te olhando como se quisesse te dizer algo, mas não, ele não tinha algo pra te dizer, ele só estava olhando porque não tinha nada melhor para se ocupar. E você segue até o hall e vê alguém de longe, seu coração bate mais rápido e você pensa "finalmente ele veio, veio me buscar, me pedir para ficar com ele para o resto de nossas vida", mas não era ele... apenas mais uma pessoa normal que passa por você te desejando bom dia, aquele bom dia que você tem vontade de manda-lá enfiar naquele lugar, afinal de bom esse e os últimos dias não têm nada! Com tudo isso, você ainda segue em frente, com tantos desejos, sonhos, pedidos, com tanta esperança, e exatamente por causa dessa esperança você sabe que não pode ficar em casa e sai. Vai para um lugar qualquer comer algo sem importância, sentada olhando a porta, esperando que ele entre por ela só para você poder vê-lo mais uma vez e tentar controlar aquela abstinência do sorriso dele, do olhar, do formato de seu rosto, das roupas que ele usa, só para sentir um pouco menos distante, um pouco mais presente na vida dele. Você vê a porta se abrindo, você vê aquele amigo insuportável dele entrando pela porta, seu coração se desespera, você fecha as suas mãos com uma força inacreditável, não sente dor nenhuma quando as unhas apertam contra a pele, você sabe que está machucando, cortando, mas não importa, você também sabe que está há um momento de ver mais uma vez aquele rosto, um momento que se torna vários quando você percebe que atrás não tinha ninguém, atrás estava vazio.
Você volta para a casa, o porteiro te olha novamente e dessa vez você cruza os dedos, espera que ele te diga o que você quer ouvir, diga que ele veio, porém de novo nada acontece e o caminho de subida do elevador parece mais um salto sem pará-quedas direto para um precipício.

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